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Aumento do antissemitismo durante pandemia mostra que nunca podemos baixar a guarda”, diz chefe da ONU

Uma rosa colocada nos trilhos ferroviários do Memorial e Museu Auschwitz-Birkenau, Polônia.
Foto | Albert Laurence/Unsplash

A pandemia da COVID-19 levou ao aumento do antissemitismo, mostrando que o mundo deve permanecer vigilante contra essa forma persistente de racismo e perseguição religiosa, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante um evento online ocorrido nesta segunda-feira (25) em comemoração ao 76º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.

Guterres disse que, embora o antissemitismo tenha encontrado sua expressão mais horrível no Holocausto, ele não terminou ali e continua a se alastrar pelo mundo hoje.
Uma rosa colocada nos trilhos ferroviários do Memorial e Museu Auschwitz-Birkenau, Polônia.

A pandemia da COVID-19 levou ao aumento do antissemitismo, mostrando que o mundo deve permanecer vigilante contra essa forma persistente de racismo e perseguição religiosa, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante um evento online ocorrido nesta segunda-feira (25) em comemoração ao 76º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.

Guterres disse que, embora o antissemitismo tenha encontrado sua expressão mais horrível no Holocausto, ele não terminou ali e continua a se alastrar pelo mundo hoje.

"É triste, mas não surpreendente, que a pandemia da COVID-19 tenha desencadeado mais uma explosão dessa ideologia venenosa. Nós nunca podemos baixar a guarda", afirmou.

Neonazistas em ascensão

A cerimônia organizada pela ONU e pela Sinagoga Park East em Nova York, honrou a memória dos seis milhões de judeus e milhões de outros que foram sistematicamente assassinados pelos nazistas e seus cúmplices durante a Segunda Guerra Mundial.

"Nosso melhor tributo àqueles que morreram durante o Holocausto é a criação de um mundo com igualdade, justiça e dignidade para todos", disse o secretário-geral.

Guterres alertou para o ressurgimento da negação e distorção do Holocausto, e que após décadas nas sombras, neonazistas e suas ideias estão ganhando força.

"Na Europa, nos Estados Unidos e em outros lugares, supremacistas brancos estão organizando e recrutando para além das fronteiras, exibindo símbolos nazistas e suas ambições assassinas", disse ele.

"Temos visto exemplos chocantes na capital deste país nos últimos dias. A Liga Anti-Difamação descobriu que a comunidade judaica americana experimentou o mais alto nível de incidentes antissemitas em 2019 desde que o rastreamento começou, em 1979."

A verdade sob ataque

A pandemia também abriu novas frentes para neonazistas e supremacistas brancos, que estão usando as mídias sociais para disseminar propaganda e semear o medo e o ódio.  

No entanto, o secretário-geral disse que sua contínua ascensão "deve ser vista no contexto de um ataque global à verdade, que reduz o papel da ciência e da análise baseada em fatos na vida pública".

Ele alertou que quando a verdade morre, torna-se mais fácil explorar diferenças entre grupos, ou inventar bodes expiatórios. A fragmentação da mídia tradicional e o crescimento das mídias sociais também contribuiu para esta situação.

"Quando a verdade é apenas uma versão entre muitos, a mentira se normaliza e a história pode ser distorcida e reescrita", disse ele, referindo-se à negação do Holocausto.

"À medida que o número de sobreviventes do Holocausto diminui a cada ano, devemos fazer esforços cada vez maiores para elevar a verdade e garantir que ela viva".

Lições para a recuperação

Abordando o tema deste ano do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto “Enfrentando a Consequências: recuperação e reconstituição após o Holocausto”, lembrado todo dia 27 de janeiro, o secretário-geral observou que este período só marcou o início de uma jornada inimaginavelmente dolorosa e difícil para os sobreviventes e para o mundo.

"Hoje, enquanto consideramos a recuperação da pandemia da COVID-19, podemos aprender lições importantes com o Holocausto", disse Guterres.

"A recuperação deve abordar as fragilidades e fissuras que foram expostas pela pandemia. Deve fortalecer nossos laços mútuos, baseados em nossa humanidade comum".

Guterres encorajou os líderes políticos, religiosos e comunitários a trabalharem para construir um consenso, "se quisermos emergir com segurança desses tempos perigosos". 

Nenhuma vacina para o antissemitismo

Ele destacou a necessidade de uma ação global coordenada para conter o crescimento e a disseminação do neonazismo e da supremacia branca, e para combater a propaganda e a desinformação.

"A História mostra que aqueles que enfraquecem a verdade acabam por se enfraquecer", disse ele.

"A única forma para sairmos da pandemia da COVID-19 é através da ciência e da análise baseada em fatos. A produção de vacinas em tempo recorde é um testemunho da eficácia dessa abordagem. Não há vacina para antissemitismo e xenofobia. Mas nossa melhor arma continua sendo a verdade".

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