Pequenas considerações sobre a crise do coronavírus e a canção “O dia em que a terra parou”, de Raul Seixas.
Raul Seixas, o nosso Raulzito, sempre teve um quê de profeta. Não à toa, seus fãs, muitas vezes, parecem mais seguidores. Uma espécie de Antônio Conselheiro do rock tupiniquim – e Raul lidava com essas distâncias entre o hemisfério Norte e o Sul de maneira magistral – nos deixou canções inesquecíveis, como todos sabem e cantam.
Uma delas, no entanto, soprada pela internet, nesta semana em que o planeta está ameaçado e acuado, com as pessoas trancafiadas em suas casas, nos fez subir um nó na garganta acompanhada de uma inevitável vontade de rir: “O dia em que a terra parou”.
Lançada em seu álbum de 1977, um dos últimos de sua curta e profícua carreira, a canção batiza o disco. Na mesma bolacha que trazia a emblemática “Maluco Beleza”, uma espécie de autobiografia do Raulzito, está lá a profecia fulminante do cantor, que nem os seus fãs mais ardorosos sonharam que, um dia, tantas décadas depois, poderia fazer algum sentido.
Na canção, feita em parceria com Cláudio Roberto – a linda fase com Paulo Coelho já havia passado – Raul parecia prever a crise do coronavírus. Descreve com maestria o que se passa em diversos países da Europa, sobretudo na Itália. Ela antevê também, e não se iludam os caros leitores, o que está prestes a ocorrer nas Américas, se os seus governos tiverem algum juízo.
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